O ICML (International Conference on Malignant Lymphoma) é o maior congresso de linfomas do mundo, que acontece a cada dois anos. Sua 17ª edição foi realizada de 13 a 17 de junho de 2023, em Lugano, Suíça. O Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe-Uerj) esteve lá representado, com a apresentação de um estudo originária da Unidade Docente Assistencial (UDA) de Hematologia, e assim aquecendo a reflexão sobre resultados no tratamento contra o câncer.
O Congresso abrangeu a discussão de questões importantes relacionadas à nova classificação, prognóstico, diagnóstico e tratamento dos linfomas, sendo o ponto alto do congresso o tratamento imunoterápico com biespecíficos e CAR-T Cell (essa terapia utiliza os linfócitos T, que compõem o sistema imunológico e que, ao serem geneticamente modificados, tornam-se mais ativos contra as neoplasias do sangue).
Foram também apresentados os principais estudos clínicos na área. Representando o Hupe-Uerj, lá estava a Professora adjunta da UDA de Hematologia, Renata Lyrio Baptista, que nos conta a contribuição do hospital ao evento científico: “O Registro Brasileiro de LNH T (Linfoma de célula T linfoblástico) teve seus resultados sobre Diagnostico e manejo de pacientes adultos com Leucemia/linfoma de células T (ATL) apresentados em forma de pôster e nossos pacientes da UDA de Hematologia foram incluídos nesse estudo”, disse.
Renata segue explicando que a ATL é um tipo de LNH T periférico causado pelo vírus HTLV-1 que é endêmico em algumas áreas do mundo, como o Brasil. “Aproximadamente de 3 a 5% dos indivíduos infectados pelo vírus HTLV-1 vão desenvolver esse tipo de linfoma após um longo período de latência. A manifestação clínica da doença é heterogênea, sendo a ATL classificada em quatro formas distintas aguda, linfomatosa, crônica e indolente”, destaca Renata.
Esse estudo foi uma análise retrospectiva que analisou 91 pacientes com ATL de um total de 631 pacientes com LNH T periférico. A idade mediana ao diagnóstico foi de 50 anos, sendo a maioria dos casos do tipo linfomatoso (50%), a maioria dos pacientes apresentava sintomas B ao diagnóstico (57%) e 11% apresentavam infiltração do SNC. Os pacientes com as formas de apresentação indolente (crônica e indolente) tiveram melhor prognóstico com SG em cinco anos de 86% vs 33% (p:0.001). Os dados brasileiros demonstraram que a ATL é o subtipo mais frequente de LNH T periférico no Brasil e que ATL é uma doença agressiva e com prognóstico ruim para as formas agressivas.
O trabalho apresentado no congresso internacional ajuda a pavimentar o caminho para o estabelecimento de novos olhares e terapias que, no futuro, poderão estar disponíveis para os pacientes. E o 61º Congresso Científico Hupe 2023 é excelente oportunidade de atualização e ampliação de olhar sobre este e outros igualmente relevantes temas sobre a Oncologia.