As discussões sobre necessidade e benefícios destes cuidados seguem crescendo em volume. Este será um dos temas abordados no 61° Congresso Científico do Hupe, de 21 a 25 de agosto de 2023, com atualizações e reflexões sobre os caminhos para as novas demandas
A indicação de tratamentos paliativos vem crescendo no mundo todo, e vários estudos apontam que quem conta com esses cuidados tem uma jornada mais tranquila. Cuidado Paliativo (CP) é o cuidado que se deve prestar aos doentes atingidos por uma doença crônica e potencialmente fatal, em todos os seus estágios. Este cuidado pode ser entendido como uma modalidade assistencial que vem ganhando expressividade no mundo e, nas últimas décadas, no Brasil.
A professora do Departamento de Medicina Integral Familiar e Comunitária da Faculdade de Ciências Médicas (FCM/Uerj) e coordenadora do Núcleo em Cuidados Paliativos no Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), Andrea Augusta Castro, explica que sua proposta é o enfoque no cuidado integral centrado na pessoa e não na doença. “Propõe a prevenção e o controle de sintomas para pacientes portadores de doenças graves, ameaçadoras da vida, estendendo o cuidado para a família e cuidadores. É papel dos Cuidados Paliativos, igualmente, cuidar dos aspectos psicológicos, sociais e espirituais que se apresentam ao doente e à família”, complementa.
Quem são os pacientes em cuidados paliativos?
A professora Andrea segue explicando que os candidatos aos CP são pessoas em condições que levem a um alto risco de mortalidade, impacto negativo na qualidade de vida e repercussões na funcionalidade do corpo. A abordagem em CP leva em consideração o ser humano de forma integral, quer seja nos aspectos físicos, psíquicos, sociais e espirituais. Para tanto, requer um trabalho interprofissional para o manejo de sintomas e prevenção de complicações.
CP devem ser oferecidos em qualquer lugar onde sejam necessários: nos ambulatórios dos hospitais, nas unidades de internação, nas casas de repouso, nas hospedarias, na casa do doente. Em cada um desses locais eles serão adaptados à necessidade do doente e à possibilidade do local.
A importância do tema para todos nós
Os cuidados paliativos devem estar presentes no tratamento desde o diagnóstico e compartilhando espaço com o tratamento voltado à doença de base, até se tornar exclusivo, na proximidade da morte. “O envelhecimento faz parte da vida, poucos querem ir antes de sua hora, e parafraseando Cicely Saunders, ‘o sofrimento só é intolerável quando ninguém cuida! ’”, ressalta Andrea.
O aumento da prevalência das Doenças crônico-degenerativas (DCNT) como o câncer, demências, doenças degenerativas, neurológicas, cardíacas, Renal crônico, DPOC, HIV, acidentes, doenças genéticas e crônicas complexas na infância trouxe novas necessidades em saúde, como o cuidado da dimensão da espiritualidade na dimensão do cuidado.
Núcleo em Cuidados Paliativos (NCP) no Hupe
O NPC oferece cuidados integrados aos pacientes em situação de doenças ameaçadoras da vida em abordagem biopsicossocial e espiritual à pacientes e suas famílias. Tem como diretrizes o cuidado integral; equipe colaborativa; Integração com a rede-Humanização nos diferentes cenários: ambulatório, enfermaria, atendimento domiciliar, teleconsulta e telemonitoramento na interconsulta.
Um dos propósitos é a formação de recursos humanos, seja através de educação continuada ou permanente para profissionais do Hupe. No ensino da graduação: multiprofissional, e conta com o protagonismo da Liga Estudantil nos projetos de extensão em consonância com a diretriz nacional; e no ensino da pós-graduação multiprofissional oferece o curso de especialização multiprofissional (360 h) fomento a produção de conhecimentos através de pesquisa.
Apresentar este relevante tema em Oncologia no 61º Congresso Científico do Hupe tem o propósito de estimular o aprofundamento de conhecimento e reflexões para intervenções paliativas efetivas, desmistificando alguns conceitos errôneos. Cuidado paliativo não é sobre morrer; é sobre viver com bem estar até lá.